Florêncio, o Gaúcho Bagual

“Buenas”!

Me chamo Florêncio Cafumango. Sou gaúcho nascido e criado lá pelas bandas de Vargília. Vivo da lida de gado na beira do Rio Uruguai. Tenho como prenda, Brilhantina, mulher da qual doei meu sobrenome e coração. Como agradecimento ou castigo, ela concedeu meus dois filhos.

Juvêncio é um piá “terrorista” que acabou de completar 18 anos. O chirú me veio com uns assuntos pra lá de estranhos. O mal agradecido quer morar na capital pra estudar música e conhecer o mar.

No mais, sou um peão garboso, “apesar das controvérsias”, muito diferente de Juvêncio, que não tem assim tanta beleza, sabe? Quando o guri nasceu, de tão feio, foi Brilhantina quem levou o tapa.

Essa minha mulher. Eita “véia” trincheira. Só de chegar perto, a criançada chorava desesperada. Os vizinhos sempre me falavam que não sabiam como me apaixonei por algo tão… “doce”. Sua doçura é quase igual à delicadeza de um hipopótamo. Chê, essa história de amor cego não existe. Ao me dar conta disso, já estava casado por contrato.

Orgulho, tenho, é da Mercedita. No auge dos seus 16 anos é a guria mais linda e prendada dos pampas. E não é coisa de pai coruja. Se eu não tivesse assistido o parto feito, ali mesmo na sala de casa, eu até duvidaria da procedência.  A rapariga tira leite de vaca, cozinha bucho e ajuda na lida do lar.

Minha família é perfeita. Apesar das particularidades, não tão particulares assim, quando fecha o bochincho, os vizinhos se apavoram com a gritaria. Mas, qual família não é assim? Já vi a mulher do vizinho parada na porta de facão esperando o miserável do marido voltar do carteado. Dessa noite só se escutava os arranhares da adaga no chão e os gritos de desacato.

Apesar de tudo, sou um vivente calmo demais da conta. Ando com uma adaga e um .38 na cintura apenas por costume. A adaga uso só pra palitar os dentes e o .38, é minha garantia de segurança para quando fecha o bochincho no bolicho do velho Anastácio. Lembranças de um passado pra lá de agitado…

Por fim, vou narrar para vocês, alguns destes causos que cruzaram pela minha vida. Talvez quem leia, não creia, mas é por ser difícil de acreditar que faço questão de contar. Afinal, o que seria de um causo sem uma pitada de mistério?

 

Criado por Charlis Haubert

Tiago Haubert

Tiago Haubert é escritor e sonhador, empresário idealizador da marca de roupas FORS e advogado. Mantém o blog Causos de um aspirante a escritor que traz dicas para escritores e tem o intuito de apoiar a literatura nacional. Escreve também no “blog Tiago Haubert” do site “Tudo sobre floripa”. Em 2015 terá seu primeiro romance – Enigmas dos Sonhos: O Pergaminho Encantado – publicado pela Editora Selo Jovem.

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