Como nasce uma ideia?

Hoje vou republicar um dos post de mais acessos no blog que, em virtude de problemas técnicos, acabou sendo deletado.

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Certo dia me fizeram a seguinte pergunta: Como nasceu a ideia da história de seu livro?

Falar sobre o surgimento de uma ideia é muito interessante, pois seria algo como perguntar como você aprendeu a falar ou andar. A resposta imediata seria:  a ideia surgiu na minha adolescência ao criar o meu primeiro livro e colocar inúmeras ideias aleatórias no papel.

Contudo, após o hiato de tempo depois do vestibular e engavetar o projeto de me tornar escritor por mais de nove anos, ao voltar a escrever em 2012, novas ideias simplesmente surgiram misturadas com algumas daquelas antigas.

Uma pergunta interessante para explicar o meu sentimento quanto ao surgimento de ideias seria: “Qual é o sabor da água?” “Você só saberá ao toma-la”.

Usei esta frase a fim de a paralelizar ao tema deste post. O primeiro passo seria começar a escrever e dedicar sua mente para esse fim. As ideias, no meu caso, depois que comecei a me dedicar na busca de meu sonho, simplesmente surgiram.  Eu acredito que, se você está aberto para um objetivo, seja de escrever um livro novo, ou apenas de uma parte do enredo do que você já está desenvolvendo, a sua mente trabalha constantemente para esse fim e, invariavelmente, as ideias aparecem, sejam elas boas ou ruins.

Não estaríamos agora em um paradoxo? Se as ideias surgem ao começar a escrever, como surge a primeira ideia?

O que posso responder é que a ideia vem. Seja boa ou ruim, ela surge. Quando você se deparar com ela, agarre-a, anote e a estude. Não hesite em fazer um esboço do que você pretende com ela. Tire suas conclusões. Se você acreditar, escreva e veja no que dá. Ou você acha que a autora quando teve sua ideia de escrever uma história sobre um bruxo criança, imaginou que essa se transformaria na série de literatura fantástica mais vendida dos últimos tempos?

Então, se você tem uma ideia, mesmo que não saiba se é interessante, comece a escrever; faça um esboço de inicio meio e fim e veja aonde as divagações de sua mente é capaz de lhe conduzir. Esse o momento mais prazeroso na hora de escrever. O papel não lhe critica e aceita tudo que sua mente quiser. O céu não é o limite.

Para mim, os momentos de maior inspiração são: antes de dormir, quando acordo ou enquanto dirijo. As ideias parecem simplesmente aflorar. Esses são os momentos que consigo viajar em meus pensamentos. Que a mente esta vazia e propensa para esse fim.

Em resumo, você pode ter uma ideia a qualquer momento, seja ao passar em frente de uma loja ou quando estiveres tomando banho, basta você trabalhar o cérebro para esse objetivo. Não é uma ciência exata, mas pode ter certeza que as ideias surgirão; sejam ideias legais; ideias interessantes e que você nunca utilizará; ideias ruins que no papel se tornam boas… Por isso, anoto todas para ficar, ao menos, com o benefício da dúvida de utilizá-las ou não.

Algumas  vezes, as ideias surgem de maneiras intrigantes. Certo dia, mesmo sem lembrar do meu sonho, acordei com o esboço de uma história pronta. Não sei se ela se tornará um bom livro, mas no momento certo avaliarei. Claro que, se eu não tivesse com o objetivo claro em minha mente de me tornar escritor, provavelmente essa ideia passaria despercebida e não significaria absolutamente nada.

Vale salientar que, um livro de ficção deve, pelo menos em algum ponto, ser inovador. O tema pode ser comum, mas deverá ter, no mínimo, um ponto de vista diferenciado. Nao adianta pensar que tiveste a ideia de escrever sobre um bruxo no colégio com o nome de Larry em uma batalha do bem contra o mal e achar que será bem vista pelo mercado editorial.

Não obstante, uma das tarefas mais difíceis é conseguir lapidar a ideia e torna-la interessante ao escrever. A ideia, por si só é a ponta do iceberg É comum uma grande ideia ter um enredo precário, seja por inexperiência do escritor, por falta de inspiração na hora de escrever, ou ainda por utiliza-la numa temática que não a torne tão interessante.

O caso do livro “As aventuras de Pi” do canadense Yann Martel é um exemplo de como duas ideias muito similares podem ter abrangências diversas. Para quem não sabe, esse livro foi inspirado no livro “Max e os felinos” do brasileiro, já falecido, Moacyr Scliar, publicado nos anos 80. Por anos, girou muita polêmica em relação a um possível plágio, porém, após anos de dúvidas, Martel admitiu que sua inspiração foi baseada no  livro do brasileiro.

As ideias das duas obras são próximas, contudo, uma tem abordagem política e a outra espiritual e da descoberta interior.

Não li nenhum dos livros para traçar comentários profundos, mas os cito superficialmente para salientar o fato de como uma mesma ideia pode ter abrangência muito diferente quando escrita. Claro que o fato do mercado editorial canadense ser infinitamente maior que o mercado brasileiro a nível mundial traz por si só um grande diferencial.

Por fim, após o surgimento da ideia, vem à parte, no meu entendimento, mais difícil. “Só” faltará criar ótimos personagens, criar um enredo bom e interessante, manter o leitor entretido, escrever bem, ficar conhecido, trabalhar para seus objetivos e contar com a sorte.

Tiago Haubert

Tiago Haubert é escritor e sonhador, empresário idealizador da marca de roupas FORS e advogado. Mantém o blog Causos de um aspirante a escritor que traz dicas para escritores e tem o intuito de apoiar a literatura nacional. Escreve também no “blog Tiago Haubert” do site “Tudo sobre floripa”. Em 2015 terá seu primeiro romance – Enigmas dos Sonhos: O Pergaminho Encantado – publicado pela Editora Selo Jovem.

6 comentários

  • As ideias são realmente imprevisíveis. Outro dia eu tive um sonho fantástico, digno de um bom livro (se bem escrito), mas para o meu azar, quanto acordei não conseguia lembrar de praticamente nada do que tinha sonhado. 🙁
    Mas é assim mesmo, procuro ficar atento ao surgimento de cada ideia e andar sempre com alguma coisa para que eu possa anotar na hora.
    Parabéns pelo post. Muito bom!

    opoetaeamadrugada.blogspot.com

    • Sim! Isso acontece frequentemente de sonhar com histórias legais e depois esquecer. Algumas acabam surgindo hora ou outra, mas na maioria ficam perdidas no subconsciente. Uso o bloco de notas do celular para anotar!

      Valeu!
      Abraços

  • Adorei o post! Me deu mais iniciativa de seguir eu sonho de ser escritora! Várias de minha ideias vem dos sonhos e realmente é muito triste quando você sabe que daria uma boa história mas você só lembra metade do sonho!
    Como disse, o papel vai aceitar qualquer tipo de ideia seja ela boa ou ruim e assim vou seguindo…
    Obrigada pelo post, com certeza ele faz a diferença, principalmente á jovenzinhos como eu que sonham em ser escritores. ^_^

    • Que bom que gostaste e pude ajudar. Obrigado pela audiência e sempre que precisar de alguma ajuda ou conselho é só comentar.

      abraços
      Tiago

  • Ótima abordagem!
    De fato, a inspiração surge de forma aleatória, se não inesperada. Parece-me curioso, no entanto, a importância que os sonhos podem ter para nós, aspirantes a escritores.
    Desde os 12/13 anos comecei a escrever com mais compromisso, uma vez que publicava em um blog que costumava manter. Na verdade, até hoje – a poucos meses de completar 17 – finalizei apenas um de meus romances. De qualquer forma, é inegável a evolução que se tem a medida que se escreve.
    Se antes escrevia com inclinação a outras obras, ainda que não descaradamente, agora tento decifrar meus próprios códigos, sem necessidade de uma fórmula específica. Não quero ser uma escritora previsível, obviamente. Aprecio imensamente a leitura e, cada vez mais, escrever se mostra uma necessidade quase vital para meu ser. Já comecei – e meio que abandonei – vários projetos, embora raramente tenha tido a coragem de compartilhá-los com alguém (a verdade é que estou rodeada por pessoas que não dão importância alguma ao que isso implica, com exceção de um colega de classe que costuma mostrar-me seus poemas e aprecia minhas narrativas; recentemente, disse-me que tem a impressão de que escrevo em uma linha entre tristeza e amor, o que me chamou a atenção, pois jamais havia pensado desta forma). A verdade é que sou um tanto solitária, além de introvertida, e expor-me através de palavras que não precisam ser ditas é-me o melhor escape que poderia encontrar. Há algum tempo mantenho um diário, no qual procuro expor as frustrações do Ensino Médio, sob meu ponto de vista de “alma velha” e garota incompreendida, além de por em destaque as crises existenciais que me caracterizam.
    No entanto, também escrevo muito sobre sonhos: inicialmente, meu objetivo era buscar compreender, de modo que ao escrever acabaria descobrindo pontos que me passavam despercebidos, e realmente funcionou.
    Não por acaso sinto-me mais ousada -no que diz respeito às resoluções que me ocorrem- sempre antes de dormir e quando acordo. Mesmo quando não recordo bem tais sonhos ou me parecem ilógicos, fico imaginando possíveis soluções que relacionem os fatos e, constantemente, daí vem minhas principais ideias. É como uma mistura do que meu inconsciente manifestou com as soluções que me ocorrem quando já estou despertar. Muito me fascina!
    Por outro lado, muitas ideias também surgem após momentos de tédio, quando resolvo escrever qualquer coisa e, de repente, surge algo extraordinário.

    Temo ter-me estendido em demasia, porém há uma justificação: não tens ideia da excitação que me gera saber de pessoas que também se dedicam a escrita.
    Espero que teu livro seja publicado e tenha muito sucesso (e que venham outros); sobretudo, espero lê-lo também!

    • Nossa, inspirador o comentário. É muito gratificante ver pessoas de todo o Brasil visitando meu espaço. Principalmente com comentários tão profundos.

      Realmente ideias surgem a todo instante e dormindo com certeza vem muitas delas.

      A escrita é uma arte maravilhosa. Torço dia após dia para que meu sonho de me tornar escritor se realize e espero que você possa ler um de meus livros 😉

      Estamos no caminho certo. Devemos continuar escrevendo e escrevendo. Textos bons, textos ruins… O importante é escrever.

      Quando eu estava no ensino médio tinha bastante medo também de compartilhar meus escritos e ficaram todos guardados, mas depois de algum tempo e certo amadurecimento percebi que não devemos nos importar com o que os outros pensam. Se não gostam, ou vão julgar, problema dessas pessoas. Provavelmente são pessoas frustradas que não encontraram seus caminhos.

      Continue assim, usando das frustrações, medos, anseios, loucuras, paixões, solidão e tudo quanto é sentimento e siga em frente. Não há melhor inspiração que sentimentos!

      Tente, arrisque.

      Sucesso! E espero muito também ler livros seus um dia =D.

      Abraços e obrigado pela audiência no blog.

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