Tour Literário

Post criado por Aline Haubert

 

No primeiro sábado do mês, andei pelo centro de Florianópolis, e, com tempo livre de sobra, resolvi passar pela livraria Catarinense, na Rua Felipe Schimidt, atrás de novidades.

A princípio, eu não tinha um objetivo definido ao adentrar a loja a não ser o de conhecer os novos romances lançados no mercado.

Para minha surpresa, esse interesse inicial, ao poucos, mudou no decorrer da  visita.

Na livraria, me deparei com uma estante baixa bem no centro da loja e prestei atenção nos livros expostos. Eram diversos, de todos os gostos, estilos e aparências; como, por exemplo, o tão mencionado “Cinquenta tons de cinza” e sua trilogia de Erika Leonard James, ou aqueles livros de auto ajuda para recuperar seu casamento; ou ainda livros de suspense de  John Grisham e livros de histórias de ficção. Todos eles “Best sellers” em seus países de origem.

Na segunda estante, atrás da primeira, não era diferente. Eu me deparei com livros de Nicholas Sparks com títulos famosos que viraram filmes, como “O Diário de uma Paixão” e, também, “A última música” e “Querido John”, que, sinceramente me pareceram muito bons.  Voltei um pouco, de novo em direção à porta e fui para a direita, em direção aos caixas. Foi quando minha curiosidade aguçou e, enfim, obtive um objetivo…

Foi lá, no canto, escondido, atrás dos caixas, atrás de uma estante de alumínio giratória junto aos livros  “de bolso”; lá, em um estante da parede, depois de tantos livros, de tantas histórias diferentes dos mais diversos autores, estavam eles: os livros de literatura brasileira. Era uma estante estreita; UMA estante, com no máximo dois exemplares de cada livro, como se pedissem licença para estarem ali, implorando por um lugar ao sol.

E, foi ali, nesse lugar estreito, sem muito espaço, que perdi a maior parte do meu tempo. Tentei descobrir histórias diferentes e inéditas, autores por nós tão desconhecidos e que realmente podem trazer todas as boas sensações que somente uma nobre leitura pode proporcionar. Muitas foram às histórias que encontrei. Devo admitir, encontrei alguns livros de contos e de poesias que não fazem muito meu estilo, mas estavam lá; encontrei também livros sobre as famigeradas histórias de índios em nosso país; além de alguns escritores já consagrados, como Luiz Fernando Veríssimo. Mas, ainda assim, não desisti e continuei buscando… queria encontrar histórias, como as dos tão mencionados “Best selleres” estadunidenses. Histórias que não tivessem relação com nossa origem (os índios), ou com as mazelas de nossa sociedade, naquilo que a maioria dos filmes brasileiros gostam de representar (ou pelo menos a maioria dos filmes brasileiros que ficam reconhecidos internacionalmente): a pobreza de nosso país e tudo aquilo que temos de pior. Não! Eu queria uma história que fosse uma “viagem”, que fosse um romance (romântico), que não se prendesse a realidade; uma ficção; um suspense com investigação criminal no estilo Agatha Christie ; um livro de terror; ou, enfim, um livro de literatura fantástica.

Assim, sem desistir, finalmente encontrei o que buscava. E fiquei feliz pelo resultado. Li as abas de cada um dos livros que folheei. Eram escritores jovens e cheios de entusiasmo como a paulista Natasha Morgan, que – assim como o responsável por esse blog-, começou a escrever ainda muito cedo , aos 13 anos, e que, agora com mais ou menos 23 anos já teve seu livro publicado chamado de “O toque da meia noite”, da trilogia os Mistérios da Meia Noite e outra como a Laura Malin e seu livro “O Livro de Joaquim”.

Encontrei também um livro sobre vampiros, mas não do estilo Edward+Bella, parecia algo como The Vampire Dayres, ou até mesmo de terror? Esses, de vampiros tradicionais e não dos que só faltam “brilhar no escuro” (Ahhh! tudo bem, eu confesso que sou menina e estive lendo esses livros romanticos de vampiros alternativos nos últimos tempos… mas, ah! Quem nunca… é legal, a gente se distrai.. enfim…). O autor do livro se chamava André Vianco, e, pelo que eu vi ele tem uma série de livros que, pela capa, também atraem a atenção do leitor. Para quem gosta desse estilo, seria uma boa dica.

Por fim, encontrei algo realmente impressionante! Um livro de literatura fantástica brasileiro do subgênero fantasia!!!!!!!!!! Uauuuuu! Foi inédito.  Uma paraense de Belém, inspirada e determinada, de 23 anos, chamada “Roberta Splinder” e sua amiga “Oriana Comesanha”. O livro devia ter umas 800 páginas, (sério, era enorme), e tinha o título de “Contos de Meigan – a fúria dos cártagos”. Fiquei muito tentada em comprar. Custava R$ 55,00 aproximadamente. Tinha uma capa que fazia jus a um Best seller e, realmente, transparecia uma boa história.

Lembro que a livraria estava cheia. Contudo, nesse período de tempo em que estive esticada na frente da estante de livros de literatura brasileira, apenas duas pessoas se deram ao trabalho de interromper os meus devaneios e, uma delas, eu nem tenho certeza se estava interessada naquela estante dos livros brasileiros.

Como pode? Darmos tanta ênfase a livros que não são de nossa própria língua, que se expressam por traduções de pessoas que trazem consigo, inevitavelmente, a interpretação própria acerca daquela história? Como pode preferirmos livros que explicam os detalhes de uma cena da forma que a estrutura linguística daquele idioma permite?

Por que não valorizar esses tão esforçados aventureiros que lutam tanto para ter o seu livro naquela estante, escondida na lateral atrás do caixa e atrás da estante de alumínio que traz os livros de bolso? Aqueles que falam a nossa língua; que escrevem como a gente; que não precisam da tradução de alguém muito competente que tenta manter o máximo de fidelidade ao que o autor tenta expressar.  Nós também podemos ter Best Sellers de histórias lindas capazes de nos levar a uma viagem indescritível do mundo da imaginação; que não falem somente sobre índios e de qualquer coisa relacionada a nossa história colonial.

Enfim, resta a nós, diante do que temos disponível, fazermos a nossa parte e divulgar os escritores brasileiros, tão bons quantos os estrangeiros. Ou, por serem estrangeiros ele são superdotados? Devemos buscar nos recantos mais sombrios e obscuros de uma livraria ou criar blogs de comunicação como este para que consigamos disseminar uma nova onda em apoio a literatura brasileira; em apoio aos nossos conterrâneos, que, sem dúvida alguma, tem tanta ou mais capacidade do que qualquer outro Best seller internacional.

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